Dom Feliciano
Gente da terra
Gente da terra
Alvorino, a trajetória de um trabalhador
Alvorino com os filhos Ricardo e
Lisiane
Janete
Miritz
Alvorino Bergmann Miritz,
39 anos, natural do município de Chuvisca, veio para Dom Feliciano há 17 anos,
logo após o casamento com Janete (41). Aqui, o casal encontrou seu lar e teve
seus filhos – Lisiane- 14, e Ricardo- oito anos. Este agricultor tem sua
história profundamente ligada à produção de tabaco. O avô Albino, hoje com 91
anos, foi um dos pioneiros, no início da década de 1950, a construir uma estufa
de fumo. Presidente da Cooperativa Agrícola Centro-Sul - COOPACS, do Conselho
Municipal de Desenvolvimento Rural e líder comunitário, Alvorino acredita que “a
união no meio rural é a única saída para a continuidade e sucesso da agricultura
familiar”. “A diversificação de culturas, alternativas a renda do tabaco,
agregada à informação, se mostram fundamentais no fortalecimento das
propriedades rurais”, diz.
Alvorino
Miritz: Até certo ponto tinha de tudo, mais para nosso consumo.
As terras eram mal aproveitadas. Grandes extensões eram plantadas, mas colhíamos
pouco. Predominava uma ideia de poupar em adubo e investimento. Hoje plantamos
lavouras menores e colhemos muito mais. As pessoas se convenceram de que semente
boa e cultivo adequado dá resultado. Se as terras estão fracas hoje, foi por
descuido dos antigos. O fator número um para ter uma vida melhor no campo é
terra de qualidade. Temos que melhorar muito nesse sentido.
A tua relação com as associações
e ser uma liderança começou quando?
Depois que vim para Dom
Feliciano. Aprendi muito com uma pessoa que hoje não está mais entre nós, o
Romildo Maciejewski, que foi vereador aqui. Eu era vizinho dele, a única pessoa
conhecida quando vim para cá. Ele se acidentou, e gente precisava de um novo
líder. Naturalmente, fui assumindo essa liderança e comecei a crescer.
Tu julgas importante o agricultor
participar de associações, cooperativas?
Tem gente afirmando
categoricamente que a agricultura familiar está com os dias contados, que vai se
tornar inviável. Só há um jeito de reverter isso: os pequenos crescerem juntos.
Na cooperativa vivenciamos na prática. Por exemplo, a produção de pepinos, tão
falada hoje aqui no município. Produzir sozinho seria inviável, não teria como
transportar à indústria, não haveria orientação técnica. No momento em que
vários agricultores engajam-se com o apoio da Prefeitura, EMATER, Secretaria de
Desenvolvimento Rural e a COOPACS, dá certo. Os produtores estão achando viável
e planejam a próxima safra. Temos que nos unir, em todos os sentidos. Compra,
venda, produtos, serviços, tudo que fizermos em conjunto, o resultado aparece na
prática.
Como tu vês a continuidade da
cooperativa? Nesse contexto polêmico do tabaco, a questão até da dificuldade da
produção de cigarros no país, com as restrições da ANVISA. A tendência é a
cooperativa ficar mais fortalecida?
Tenho uma opinião formada
sobre tabaco. Até acredito que esse ano vai ser melhor que o último, mas teremos
queda, não vejo volta. O consumo baixa muito, e essas novas resoluções da ANVISA
são uma dificuldade. A produção de alimento, ao contrário, precisa aumentar 70%.
Quais os programas intermediados
pela COOPACS?
A cooperativa intermédia
hoje PAA, Alimentação Escolar, produção de pepino, suco de uva. A gente
distribui a cesta colonial do PAA para 398 famílias, casa de passagem e Projeto
São Francisco que atende 51 crianças. A tendência para o próximo ano é dobrar o
número de famílias, por isso precisamos dobrar a produção de alimentos. Se
conseguirmos produzir o dobro de alimentos e distribuir, é bom para cooperativa,
para o produtor, para as famílias que recebem produto de boa qualidade. Nosso
objetivo é crescer, de ano a ano.
O número de agricultores buscando
associar-se tem crescido?
Muitos agricultores
procuram informações, se associam, o que é fundamental. Sempre com os mesmos não
conseguiríamos nos desenvolver.
Qual tua expectativa, teu sonho,
tanto na vida pessoal, para tua família, quanto para tua vida profissional?
Tenho que optar-
Cooperativa e lavoura não consigo conciliar. Com o tabaco está decidido que vou
parar, mas continuaremos plantando. Acredito numa maior aproximação entre
Sindicato dos Produtores Rurais e COOPACS, já que visam os interesses dos
produtores. Temos que nos fortalecer em todos os sentidos: produção e
comercialização. Não basta produzirmos, temos que saber conduzir financeiramente
uma propriedade.
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