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segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Luto, mulheres e Elke Maravilha marcam desfile do Grupo de Acesso



Compositor da Leandro de Itaquera morreu horas antes de apresentação.
Campeã e vice garantem vagas no Grupo Especial de SP em 2014.

Do G1 São Paulo
Belas morenas à frente da bateria da Leandro de Itaquera (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)Belas morenas à frente da bateria da Leandro de Itaquera (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)
O desfile das oito escolas do Grupo de Acesso do carnaval paulistano, ocorrido na noite de domingo (10) e na madrugada desta segunda-feira, foi marcado por belas passistas, pelo luto por causa da morte de um integrante da Leandro de Itaquera e pela atriz Elke Maravilha, homenageada pela Estrela do Terceiro Milênio.
As apresentações começaram por volta das 21h20 de domingo (10), com a Unidos de Santa Bárbara, estreante no Grupo de Acesso. Sob chuva, a agremiação vencedora do Grupo 1 da União das Escolas de Samba Paulistanas (Uesp) em 2012 levou ao Sambódromo do Anhembi, na Zona Norte de São Paulo, um enredo sobre a paz.
Unidos de Santa Bárbara abre desfiles do Grupo de Acesso em São Paulo (Foto: Nathália Duarte/G1)Unidos de Santa Bárbara abriu desfiles do Grupo
de Acesso em SP (Foto: Nathália Duarte/G1)
Na comissão de frente, hippies acompanhados de uma kombi caracterizada transmitiam a mensagem do “paz e amor”. O primeiro setor tratou dos pequenos atos de gentileza, tema do abre-alas da agremiação. O setor também retomou a história do profeta Gentileza, um pregador que ficou famoso na década de 80 por fazer pinturas em viadutos da região central do Rio de Janeiro.
O enredo, cujo intérprete foi Jorginho de Soares, citou ainda a história de Jesus Cristo. Já o terceiro setor focou no bem estar ambiental. As alas mostraram o bom aproveitamento da água e a preservação das matas e dos animais. Para finalizar, a Unidos de Santa Bárbara falou da coleta seletiva e da reciclagem do lixo. O destaque da bateria foi a madrinha Tatiana Oliveira. Welson e Waleska formaram o casal de mestre-sala e porta-bandeira.
Comissão de frente da Camisa Verde e Branco levantou público (Foto: Ardilhes Moreira/G1)Comissão de frente da Camisa Verde e Branco levantou público (Foto: Ardilhes Moreira/G1)
A segunda a passar pelo Anhembi foi a Unidos do Peruche, que entrou na avenida pouco depois das 22h30. Rebaixada em 2011, a escola levou ao Sambódromo uma homenagem aos índios. Com a trégua da chuva que atingia a avenida no início da noite, a comissão de frente mostrou integrantes vestidos de índios e fazendo danças tradicionais. O abre-alas retratou o mistério da tradição do mundo segundo a mitologia da região do Xingu. Nos dois primeiros setores, o desfile seguiu retratando diversas tribos do Brasil, a resistência à colonização europeia e lendas amazônicas.
Já no terceiro setor, a escola mostrou a presença do índio no cinema e na arte brasileira. Ao fim, a Unidos de Peruche mostrou a contribuição indígena para as festas do país. O destaque foi para a festa do Boi Garantido e do Boi Caprichoso, de Parintins. A rainha de bateria da escola é a apresentadora Lola Melnick e a madrinha é Dani França. Já o casal de mestre-sala e porta-bandeira foi formado por Ruhanan Pontes e Ana Paula Sgarbi.
Com o objetivo de voltar à elite do carnaval de São Paulo, a escola Camisa Verde e Branco, terceira a passar pelo Anhembi nesta noite, contou a história de um velhinho que volta à infância e passa por aventuras no mundo da imaginação. O desfile da agremiação começou pouco depois das 23h30 e levantou a arquibancada.
Na comissão de frente, o personagem principal do enredo volta a ser criança e acorda em um reino encantado. A apresentação luxuosa contou com castelos, reis e rainhas, bruxas e até mesmo um dragão de duas cabeças.
No primeiro setor, o personagem principal descobre um reino no fundo do mar, com sereias e outros seres. Já o segundo setor retrata uma cidade futurista com diversos super-heróis, como o Super Homem e a Mulher Maravilha. O quarto e último setor representou uma cidade dos sonhos, com casas de chocolate, sorvetes aos montes e brinquedos como um carrossel.
No final, o velhinho percebe que tudo não passou de um sonho. O intérprete da escola foi Igor Sorriso. Já o destaque da bateria foi a Rainha do Carnaval 2013, Ariellen da Silva.
A Imperador do Ipiranga, que entrou no Sambódromo por volta da 0h35, apresentou um apelo a favor das crianças. Com o enredo “Ouviram do Ipiranga um grito de esperança”, a escola da Zona Sul tratou da exploração infantil.
Já na comissão de frente, uma polêmica. A ala tratou do aborto. O primeiro setor mostrou o tema de forma abrangente, apontando as diversas formas de exploração das crianças. O segundo tratou das leis que foram criadas para ajudar a melhorar a situação dos menores. Já o terceiro setor apresentou formas de ajuda às crianças, com referências a organizações não governamentais, família e Igreja.
O carro do último setor foi um dos destaques do desfile, pois retratou instituições que ensinam crianças a fazer arte com material reciclado. A alegoria trouxe um grande boneco de lixo com prateleiras em que objetos feitos por crianças foram exibidos. Outro destaque foi a rainha de bateria, Khawany de Oliveira, e o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, José Roberto Vicente e Daniela Motta. O intérprete do samba da escola foi Evandro Malandro.

Baianas da Leandro de Itaquera rodopiam no Sambódromo (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)Baianas da Leandro de Itaquera rodopiam no Sambódromo (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)
Por volta da 1h40, a Leandro de Itaquera entrou no Anhembi. Antes, porém, fez um minuto de silêncio em memória do compositor Ronald Elias Balvetti, o Xixa, que morreu horas antes do desfile. A agremiação foi buscar nas suas origens a inspiração para seu enredo. A escola vai homenagear o negro e toda a sua herança cultural no país. “A escola foi fundada por negros, então queremos preservar a tradição do carnaval com esse tema. A palavra-chave é resistência negra, desde a escravidão até hoje”, disse o carnavalesco Rodrigo Cadete.

Com o enredo "O leão guerreiro mostra sua força! É a garra e a bravura do negro, no quilombo Leandro de Itaquera", a abertura mostra uma corte negra de Palmares com o símbolo da escola, o leão, no abre-alas. O desfile seguiu com os ciclos do ouro, do açúcar e do café, em que os negros trabalharam para construir a riqueza do país.

No próximo setor, a escola mostrou as heranças culturais dos negros no Brasil em diversas áreas, como arte, culinária e música. O término apresentará a Leandro de Itaquera como um quilombo paulistano, “uma escola de negros que preserva sua herança cultural”, como Cadete ressaltou.
Segundo o carnavalesco, um dos destaques da escola é a bateria, que entrou na avenida caracterizada de Xangô. À frente da bateria está a rainha Viviane Santos. Murilo Felix e Karin Darling são o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira.

O desfile deste ano da Pérola Negra começou por volta das 2h45. A agremiação retratou a peça “Auto da Compadecida”, de Ariano Suassuna. Segundo o carnavalesco André Machado, levar a história para a avenida era um velho sonho. “Estava engavetado havia oito anos. Então apresentei para a Pérola Negra neste ano e toparam, pois é fácil, barato e oportuno”, disse.

A peça conta a história dos amigos João Grilo e Chicó no sertão nordestino. A comissão de frente mostrar a chegada do circo na cidade paraibana de Taperoá e os palhaços anunciando que o espetáculo vai começar. O abre-alas foi puxado por dois calangos, animal típico do Nordeste.

O resto do desfile trata do julgamento após a morte dos personagens. O segundo carro tem um túnel, por onde uma ala que entrava por uma ponta e saía por outra, representando a passagem dos homens ao mundo dos mortos. Um lado da alegoria representava anjos e o outro, os demônios.

O terceiro carro do desfile, cujo samba foi interpretado por Douglinhas Aguiar, teve como foco a acusação do diabo, que mostra para onde João Grilo e Chicó irão caso sejam condenados. A alegoria era toda laranja e vermelha, retratando o inferno. Já o último carro mostrou a compadecida, que é a advogada dos personagens. Ela foi apresentada em uma escultura de 8 metros. A escola teve como rainha de bateria Keile Vitoriano. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira foi André e Gisa.

Elke Maravilha foi homenageada pela Estrela do Terceiro Milênio (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)Elke Maravilha foi homenageada pela Estrela do Terceiro Milênio (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)
Cerca de uma hora depois a Estrela do Terceiro Milênio entrou na avenida homenageando a atriz e apresentadora Elke Maravilha. Segundo o carnavalesco Eduardo Felix, a escola contou toda a trajetória dela, desde sua chegada ao Brasil até os trabalhos atuais. O intérprete principal da escola foi André Pantera.

A comissão de frente, chamada de “Caixa de Pandora”, mostrou as origens de Elke. Ela é filha de pai russo e mãe alemã, então alas mostraram homens e mulheres vestidos com características dos dois países. O abre-alas representou a Catedral de São Basílio, que fica na Praça Vermelha, em Moscou, na Rússia – país em que Elke nasceu.

O segundo carro representou a carreira de Elke no cinema e no teatro, mostrando algumas de suas obras. Já a terceira alegoria vai ser um setor bem alegre, segundo o carnavalesco. “Elke foi eternizada pelos excluídos, pois ela é madrinha dos gays, dos presidiários, dos portadores de hanseníase e é madrinha das prostitutas. Vamos falar um pouco disso”, comentou carnavalesco Eduardo Felix. O último carro foi a alegoria em que a própria Elke desfilou na avenida. A estrutura foi enfeitada com diversas estrelas e o símbolo da escola, a coruja.
A rainha de bateria é Elaine Cristina. Já o casal de mestre-sala e porta-bandeira é Alex e Edilaine. O enredo é “Reluz na constelação da Terceiro Milênio uma maravilha de estrela chamada Elke".

A última a se apresentar, por volta das 4h50, foi a Morro de Casa Verde. Com o enredo “Ecoou no morro um grito de liberdade”, a escola de samba levou ao Anhembi diversas lutas sociais. Segundo o carnavalesco Arisvaldo Oliveira Soares, a comissão de frente da escola homenageou personagens como Irmã Dulce e Chico Xavier.

No primeiro setor, o enredo, que tem como intérprete Adeílton Almeida, tratou da liberdade sexual e racial. Mostrou a chegada de Dilma Roussef à Presidência do Brasil na ala das baianas, e também a ascensão do negro, tendo o presidente americano Barack Obama como referência.
Ala colorida do desfile Morro Casa de Verde, escola que desfilou no Grupo de Acesso de São Paulo (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)Ala colorida do desfile da Morro Casa de Verde (Foto: Paulo Toledo Piza/G1)
O segundo setor foi ainda mais político, tratando da liberdade política e da campanha das “Diretas Já”. O terceiro setor abordou a liberdade religiosa, com uma alegoria que trouxe o coração de Cristo circundado de símbolos de diversas outras religiões, como budismo, umbanda e espiritismo.

Para fechar, a escola voltou ao tema sexual para representar uma grande festa LGBT, aos moldes da Parada Gay. “É um desfile inteiramente luxuoso, requintado”, comentou Soares. A rainha de bateria será Daiane Macedo. O primeiro casal de mestre sala e porta bandeira é formado por Diego e Carol.
O resultado da categoria será divulgado no dia 12 de fevereiro, e as escolas vencedoras se apresentam novamente no dia 15, das 22h às 4h, começando pelas duas primeiras colocadas do Grupo de Acesso e, em seguida, com o desfile das cinco primeiras colocadas do Grupo Especial.
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