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terça-feira, 5 de março de 2013

'É uma pessoa correta', diz pai sobre mãe que jogou bebê da janela no RS

 

Domingos Rocha diz que a companheira sofre de síndrome do pânico.
Na segunda, ela jogou a filha de sete meses da sacada de prédio.

Felipe TrudaDo G1 RS
 

Local de queda de criança em Bento Gonçalves, RS (Foto: Reprodução/RBS TV)Local de queda de criança em Bento Gonçalves, na Serra
do Rio Grande do Sul (Foto: Reprodução/RBS TV)
Presa por jogar a filha de sete meses da sacada de um prédio em Bento Gonçalves, na serra gaúcha, e tentar fazer o mesmo com a outra filha de dois anos, a jovem Deise Rodrigues, de 24, é descrita pelo companheiro e pai das crianças como uma mãe exemplar e muito carinhosa. Até a última segunda-feira (4), ela não tinha dado sinais de que pudesse tentar maltratar as filhas, garante o comerciante Domingos Almeida Rocha, de 48 anos. “Ela é uma pessoa correta. Não bebe, não fuma e vai à igreja”, afirma ele.
Segundo Domingos, Deise sofre de problemas psiquiátricos e passava por uma crise nas últimas semanas. Ele conta que há mais de 10 dias tentava internar a jovem em algum hospital de Bento Gonçalves pelo Sistema Único de Saúde (SUS), mas não conseguia vaga. A situação estava tão grave que a mulher nem o reconhecia mais e tinha de ficar trancada no quarto. “Quando ela tem pânico, sempre procura fugir”, conta o comerciante, que na manhã de segunda-feira (4) não dormia para zelar pelas duas filhas do casal. Em um descuido, porém, a mulher jogou o bebê pela janela e tentou pular de mãos dadas com a filha mais velha.
Ela sempre dizia que éramos o casal mais feliz do mundo, com duas filhas, que eram o amor da vida dela"
Domingos Almeida Rocha, pai da bebê arremessada pela janela pela mãe
O pai das meninas diz que há mais de três anos Deise não tinha um surto tão grave. Na última vez, ela estava grávida da filha mais velha. Enquanto falava ao G1, ele reunia documentos para tentar conseguir, por via judicial, um tratamento para a companheira e, depois, voltar a conviver com ela. “Ela sempre dizia que éramos o casal mais feliz do mundo, com duas filhas, que eram o amor da vida dela. Se eu desse R$ 100 para ela comprar roupas para ela, ela compraria tudo para as meninas”, garante Domingos.
Após ser arremessada de uma altura de aproximadamente cinco metros e cair no telhado de uma loja que fica no térreo do prédio, a criança de sete meses segue internada na UTI pediátrica do Hospital Tacchini, em Bento Gonçalves. Segundo a assessoria do hospital, o estado de saúde do menina é regular e ela está fora de perigo. “Ela está bem. Só teve um corte no dedinho, e está com um inchaço em um dos olhos”, contou o pai.
Em meio à internação da filha, Domingos ainda tenta tranquilizar a menina mais velha. “Ela me perguntou pela ‘mana’ e pela mamãe. Até me disse que a mana estava ‘dodói’, e eu falei que ela só machucou um pouquinho e daqui a pouco vai voltar”, relatou.
A maior preocupação, no entanto, é com a companheira, que está internada no mesmo hospital, sob custódia da Brigada Militar. Sem direito a visitá-la, Domingos fica apreensivo ao lembrar outras internações devido ao mesmo problema. “Uma vez ela ficou seis dias amarrada no hospital para não fugir e voltou toda machucada, cheia de hematomas", relembra.
O comerciante acredita que o problema psicológico da mulher seja decorrente de uma lesão no crânio que ela sofreu ao bater a cabeça quando tinha seis anos de idade. Depois de quatro surtos de pânico da companheira, ele já conhece os sintomas. “Até o quinto dia, dá para notar na aparência dela. Ela para de falar e te olha fixamente, e também deixa de comer. Passando de seis ou sete dias, ela não reconhece mais as pessoas. Se você falar com ela, ela não te atende. Se falar 10 vezes uma coisa ela dá uma resposta que não tem nada a ver”.
Prédio de onde o bebê foi jogado (Foto: Divulgação/Polícia Civil)Bebê foi jogado do segundo andar do prédio
(Foto: Divulgação/Polícia Civil)
Domingos lembra com detalhes de quando precisou socorrer a filha pequena. Ele havia passado a noite em claro e esperava o amanhecer para tentar novamente internar a mulher, mas tirou um cochilo. Ao acordar, percebeu o que estava acontecendo e correu para socorrer a filha. “Levei um susto. Consegui segurar ela (Deise) na grade, porque ela estava pulando com a outra criança”, contou.
Enquanto funcionários de um posto de combustíveis na frente da residência se dirigiam ao telhado para resgatar a menina, ele tinha de segurar a mulher. “A puxei para dentro, fechei o vidro e a veneziana e fui socorrer a pequeninha no telhado”, contou.
A mãe das meninas foi presa em flagrante. Segundo a delegada que atendeu a ocorrência, Isabel Pires Trevisan, a polícia tentou ouvir o depoimento de Deise, mas ela não conseguia responder às perguntas. A jovem deve ser indiciada por duplo tentativa de homicídio quando receber alta.

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