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quarta-feira, 6 de março de 2013

Imprensa europeia vê 'incerteza' na Venezuela após morte de Chávez


Publicações ressaltaram caráter contraditório do presidente morto.
Para jornais espanhóis, ele comprou briga desnecessária com os EUA.

Da AFP

A morte do presidente venezuelano Hugo Chávez,ocorrida na véspera, provoca incerteza sobre o futuro do país, analisa a imprensa europeia nesta quarta-feira (6).
O jornal espanhol "El País" descreve Chávez como "um presidente sui generis que conseguiu permanecer no cargo por quase 14 anos (...) com uma mescla de carisma pessoal, generosidade no uso do dinheiro do petróleo, retórica populista e habilidade para convencer muitos de que suas vidas seriam melhores graças à revolução bolivariana".
Ao mesmo tempo, o principal jornal espanhol manifesta dúvidas de que o sucessor, seja quem for, conquiste apoio suficiente para "tornar toleráveis os enormes desequilíbrios econômicos, a escassez cotidiana, a extensa corrupção ou a violência urbana".
"Agora começa um período incerto de interinidade", afirma o editorial do "El Mundo", que chama de paranoica a acusação do vice-presidente Nicolás Maduro de que "os inimigos da pátria" haviam inoculado o câncer em Chávez."
Morte esperada e incerteza", destaca o ABC, para o qual Maduro provocou "uma desnecessária desavença com os Estados Unidos".
Em Portugal, o "Diário de Notícias" dedica oito páginas à morte do presidente venezuelano, cuja herança política é "controversa", e destaca na primeira página que "a luta pela liderança da revolução está aberta".
"A Venezuela está em estado de urgência", destaca o também lusitano "Público".
No Reino Unido, a imprensa destaca o uso das reservas petrolíferas venezuelanas para fortalecer sua liderança.
O "Daily Telegraph" o descreve como um "esperto e descarado demagogo de uma retórica embriagante que, com o gasto descontrolado das reservas petrolíferas, se tornou um líder mundial".
O progressista "Guardian" se mostra mais benévolo com a figura do presidente venezuelano e destaca como parte de sua herança "a atenção social e a alfabetização dos pobres", mas também "infraestruturas frágeis e a dependência do petróleo".
O jornal "Times" destaca "o fascínio de Chávez com a própria voz e suas tendências autoritárias", enquanto o "Financial Times" ataca sua figura.
"Um populista que construiu seu poder a través da petrodiplomacia", define, antes de apontar as dúvidas sobre a sobrevivência da revolução bolivariana.
"Como sua altamente personalizada revolução socialista do século XXI, estava inextricavelmente ligada ao carismático populista, é improvável que sobreviva a sua morte, tanto em seu país como na região", afirma o jornal.
Na Alemanha, o "Frankfurter Allgemeine Zeitung" destaca o "antiamericanismo agressivo" de Chávez, que o levou a fraternizar com governos de duvidosa mentalidade democrática, como Irã ou Belarus.
A palavra "caudilho" é utilizada pela imprensa italiana para definir o falecido presidente.
"Chávez, o último caudilho está morto" é a manchete do "La Repubblica", enquanto o "Corriere della Sera" apresenta o venezuelano como "o caudilho que desafiou os Estados Unidos".
O "La Repubblica" destaca também o país dividido deixado por Chávez: "Um poco menos da metade da Venezuela sempre o odiou, um pouco mais da metade da Venezuela o transformou em herói épico".
A imprensa belga lembra a transcendência de Chávez na região.
"Um gigante político que, tanto no positivo como no negativo, mudou profundamente a América Latina", afirma o jornal "Le Soir".

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