Segundo assessoria, será oportunidade para confirmar a legalidade do uso.
Governo estuda divulgar na internet dados sobre uso de aviões da FAB.
Alves disse que foi ao Rio para uma reunião com o prefeito da cidade, Eduardo Paes (PMDB), mas que devolverá os R$ 9,7 mil referentes ao custo das passagens das seis pessoas que o acompanharam na viagem, amigos e parentes. A assessoria do deputado informou que a abertura da investigação será boa oportunidade para esclarecer que os voos estavam dentro da legalidade.
A investigação é preliminar e poderá levar à abertura de uma ação para averiguar se o presidente da Câmara cometeu improbidade administrativa. As ações civis têm como punição a cobrança do dinheiro usado indevidamente. Como deputado federal tem foro privilegiado, Alves só poderia ser investigado criminalmente em inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF).
Mais cedo nesta sexta, o governo federal informou que estuda divulgar na internet dados sobre uso de aviões da Força Aérea Brasileira (FAB) por autoridades. Segundo informações do Ministério da Defesa, a decisão foi tomada em uma reunião na manhã desta sexta feira (5) entre o ministro da pasta, Celso Amorim, e o ministro da Controladoria Geral da União (CGU), Jorge Hage.
Os ministros se reuniram por cerca de uma hora no Ministério da Defesa, ao qual a FAB é subordinada.
Pelo menos três casos envolvendo o uso de aeronaves da FAB foram divulgados nesta semana. Além do presidente da Câmara, o presidente do Senado, Renan Calheiros, usou avião da FAB para ir para Bahia, em "compromisso como presidente do Senado". Segundo o jornal "Folha de S.Paulo", ele foi ao casamento da filha do líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB). Ele disse que devolverá R$ 32 mil aos cofres públicos - veja no vídeo acima.
USO DE AVIÕES DA FAB POR AUTORIDADES | |
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Quem pode solicitar avião da FAB? Vice-presidente, presidentes do Senado, da Câmara e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministros de Estado e comandantes das Forças Armadas | |
Em quais situações o avião pode ser usado? Motivo de segurança e emergência médica, em viagens a serviço e deslocamentos para o local de residência permanente | |
O que diz a lei sobre a viagem? Apenas que a autoridade deve informar com antecedência situação da viagem (data, horário e destino) e o número de pessoas que integram a comitiva. | |
Quem pode andar com a autoridade no avião? Não há regra. A assessoria da FAB informou que obtém a identidade de quem entra na aeronave no momento da decolagem, mas depois descarta as informações. | |
Como é feito o controle do uso? A autoridade não informa qual será o uso da aeronave e nem precisa fazer relatório ou prestar contas da viagem realizada. O TCU é quem avalia as contas do Comando da Aeronáutica, mas não há nenhuma regra sobre como os aviões devem ser usados. | |
Quais providências estão em andamento sobre uso de aviões? O Ministério Público Federal já pediu que o Tribunal de Contas da União recomende ao Comando da Aeronáutica maior rigor sobre o deslocamento e em relação a quem usa a aeronave, mas ainda não há posição do tribunal. |
Em relação a esses outros dois casos, não há informações sobre se a Procuradoria vai ou não abrir investigação.
O que diz a lei
Decreto de 2002, que disciplina o uso das aeronaves da Aeronáutica, autoriza o vice-presidente, presidentes do Senado, da Câmara e do Supremo Tribunal Federal (STF), ministros de Estado e comandantes das Forças Armadas a usarem aviões "por motivo de segurança e emergência médica; em viagens a serviço; e deslocamentos para o local de residência permanente".
O regulamento diz que as autoridades devem apenas informar com antecedência situação da viagem (data, horário e destino) e o número de pessoas que integram a comitiva.
Além disso, a autoridade não informa qual será o uso da aeronave e nem precisa fazer relatório ou prestar contas da viagem realizada. O TCU é quem avalia as contas do Comando da Aeronáutica, mas não há nenhuma regra sobre como os aviões devem ser usados.
Em entrevista ao G1, o procurador Marinus Marsico, que atua no TCU, afirmou que a falta de regras detalhadas sobre o uso de aeronaves prejudica a atuação do MP. "É uma desgraça mesmo. A norma abre um monte de possibilidades. Existe na norma possibilidade de irem para residência permanente. Não há critério sobre o que é parcimônia ou não no uso. Do ponto de vista moral, podemos comentar. Mas, do ponto de vista legal, fica complicado para o Ministério Público atuar porque as normas permitem [o uso sem critérios]", disse Marinus Marsico.
Para ele, seria necessário um detalhamento das regras por parte da Presidência para não "ficar no critério subjetivo" o uso dos aviões.
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