Por Matthias Williams
NOVA DÉLI, 9 Fev (Reuters) - A Índia enforcou um militante da Caxemira neste sábado pelo ataque à sede do parlamento do país em 2001, causando conflitos na Caxemira entre centenas de manifestantes e policiais que usavam cassetetes e gás lacrimogêneo para dispersar a multidão.
O presidente Pranab Mukherjee rejeitou uma petição de misericórdia de Mohammad Afzal Guru e ele foi enforcado nesta madrugada (horário de Brasília) na prisão Tihar, na capital Nova Déli. Prevendo agitação, as forças de segurança haviam imposto um toque de recolher em partes da Caxemira, assolada por distúrbios, e determinou que as pessoas não saíssem na rua.
A Índia culpou os militantes apoiados pelo Paquistão pelo ataque de 2001 ao parlamento da maior democracia do mundo, cujos alvos seriam o primeiro-ministro, o ministro do interior e legisladores, no que foi um dos piores ataques de militantes do país.
O Paquistão negou qualquer envolvimento e condenou o ataque, mas a tensão aumentou drasticamente e colocou os rivais nucleares perigosamente perto de sua quarta guerra. Quase um milhão de soldados foram mobilizados nos dois lados da fronteira e temores de guerra só foram dissipados alguns meses depois, em junho de 2002.
O enforcamento foi determinado menos de três meses depois de a Índia executar o único pistoleiro sobrevivente de um ataque de 2008 à cidade de Mumbai, onde 166 pessoas morreram.
A execução de sábado poderia ajudar a rechaçar as críticas da oposição ao partido governante no Congresso, de ser benevolente demais com a militância, enquanto ele se prepara para uma série de eleições estaduais este ano e uma eleição geral que deve acontecer até 2014, enquanto luta contra uma desaceleração econômica.
"O Congresso decidiu ser mais pró-ativo devido às eleições, não só em termos de política econômica, mas também em questões como o enforcamento de Afzal Guru," disse Amulya Ganguli, analista político.
"O Congresso agora privou o BJP de uma plataforma política," ele disse, se referindo ao principal partido de oposição.
Autoridades do governo rejeitaram as insinuações de que a política eleitoral tenha influenciado na decisão de executar Guru.
Nas maiores cidades da Caxemira indiana, onde as forças de segurança lutam contra uma insurgência separatista há décadas, foram erguidas barricadas e centenas de policiais e membros da força paramilitar ficaram de prontidão.
"O enforcamento de Afzal Guru é uma declaração de guerra da Índia", disse Hilal Ahmad War, líder de uma facção separatista.
As autoridades bloquearam os serviços de internet e sites de redes sociais, para tentar evitar que a agitação se espalhasse. O ministro-chefe de Jammu e da Caxemira, Omar Abdullah, fez um apelo na TV pedindo calma.
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