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terça-feira, 14 de maio de 2013

Após negativa do Exército, polícia do RS avalia se vigiará túmulo de Jango

 

Comandante da Brigada Militar na região tratará do assunto nesta terça.
Comissão da Verdade pediu a exumação do corpo do ex-presidente.

Do G1 RS
 
 
Túmulo do ex-presidente João Goulart em São Borja, RS (Foto: Prefeitura de São Borja/Divulgação)Túmulo do ex-presidente João Goulart em São
Borja (Foto: Prefeitura de São Borja/Divulgação)
A Brigada Militar avalia a possibilidade de vigiar o túmulo do ex-presidente João Goulart, sepultado em São Borja, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul. O comandante do Comando Regional de Policiamento Ostensivo (CRPO) da Fronteira Oeste, Iguaraçu Ricardo da Silva, tratará do assunto nesta terça-feira (14) com o major Edson Damião de Melo Ribas, que responde pelo policiamento na região.
A possibilidade surgiu após a negativa do Exército ao pedido do prefeito Farelo Almeida, de que a sepultura fosse vigiada para evitar violações, já que a Comissão da Verdade e o Ministério Público Federal solicitaram a exumação dos restos mortais do político. Jango morreu em 1976, durante o exílio na Argentina.
"Estamos aguardando a solicitação do prefeito, que deve chegar amanhã (terça). Vou discutir com o major Damião se o cemitério faz parte do município, e se a Guarda Municipal pode fazer, para depois deliberar", disse Iguaraçu ao G1.
A negativa do Exército foi anunciada na noite deste sábado (11) pelo comandante do 2ª Regimento de Cavalaria Mecanizada, tenente-coronel André Álvares. Segundo Álvares, a área não é de jurisdição das Forças Armadas e que não haveria amparo legal para o emprego de tropa no cemitério.
O comandante do CRPO afirma que, caso a Brigada Militar atenda à solicitação, a vigilância pode não ser durante 24 horas. "Avaliaremos se vamos tirar policiais das ruas para colocar lá, ou se faremos uma patrulha esporádica, com uma viatura passando pelo local", afirmou.
Comissão da Verdade quer força-tarefa de peritos no caso
A Comissão Nacional da Verdade (CNV) quer reunir uma força-tarefa de peritos internacionais para analisar a causa da morte do ex-presidente. O procedimento ainda depende de autorização da Justiça, o que deve ocorrer em três meses.
O advogado da família e neto do ex-presidente João Goulart, Christopher Goulart, comemorou a decisão. Segundo ele, o procedimento pode significar a comprovação de uma “versão oficial mentirosa” e vai acabar com uma dúvida histórica levantada sobre a morte de Jango, além de abrir caminho para elucidar outras suspeitas sobre o período da ditatura militar no Brasil.
Entenda o caso
Detalhe da lápide do túmulo de João Goulart (Foto: Prefeitura de São Borja/Divulgação)Detalhe da lápide do túmulo de João Goulart
(Foto: Prefeitura de São Borja/Divulgação)
A família de João Goulart já havia manifestado o desejo de exumação do corpo do ex-presidente durante audiência pública da Comissão da Verdade em março deste ano, em Porto Alegre. Na ocasião, o governador Tarso Genro lembrou sua atuação como ministro da Justiça e falou sobre a solicitação feita à Polícia Federal, em 2010, de um inquérito para investigar a morte de Jango. A ministra da Secretaria dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, também defendeu a investigação no Ministério Público Federal, onde o processo tramita desde 2007.
A exumação deve apurar a suspeita de que Jango tenha sido assassinado por envenenamento, em dezembro 1976 durante exílio na Argentina, o que contraria a versão oficial de que ele foi vítima de um ataque cardíaco. Uma cápsula teria sido colocada no frasco de medicamentos que Jango tomava regularmente para combater problemas no coração.
O plano para a morte do ex-presidente teria sido executado por agentes da ditadura uruguaia durante a Operação Condor (uma aliança entre as ditaduras militares da América do Sul nos anos 1970 para perseguir opositores dos regimes), à pedido do governo militar brasileiro. Os militares suspeitavam que João Goulart estivesse planejando sua volta ao Brasil por ter recuperado seus direitos políticos.

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